Pessoas que falam dois idiomas podem demorar mais tempo a contrair a demência, mesmo que não saibam ler ou escrever ambas as línguas. A afirmação está em um estudo publicado nesta quarta-feira na revista americana Neurology, considerado o primeiro a demonstrar que os efeitos protetores do bilinguismo podem se estender às pessoas que são analfabetas.
Os cientistas acompanharam uma população de 648 pessoas na Índia. Todas haviam sido diagnosticadas com algum tipo de demência e tinham 66 anos, em média. Ao analisar os dados, eles descobriram que aqueles que falavam dois idiomas desenvolveram demência cerca de quatro anos e meio mais tarde do que os monoglotas (que falam um único idioma). E esse quadro se manteve independentemente das pessoas conseguirem ler ou não. Catorze por cento dos participantes do estudo eram analfabetos.
O início tardio de perda da memória, tanto na demência vascular quanto no mal de Alzheimer, também foi observado independente de fatores como educação, gênero, ocupação ou residência rural ou urbana.
"Nosso estudo é o primeiro a reportar uma vantagem de falar dois idiomas nas pessoas que não conseguem ler", afirmou a autora do estudo, Suvarna Alladi, do Instituto Médico Nizam em Hyderabad, Índia. Ela acredita que falar mais de um idioma leve a um melhor desenvolvimento das áreas do cérebro que desempenham funções executivas e tarefas de atenção, o que pode ajudar a proteger o indivíduo do início da demência.
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